A descarbonização da frota de caminhões no Brasil é um dos grandes desafios da mobilidade sustentável no país. Com uma frota que ultrapassava 2,2 milhões de unidades em 2024, segundo dados do Sindipeças, o transporte rodoviário de cargas é responsável por uma parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa (GEE), especialmente devido à predominância do diesel como combustível.
A frota brasileira de caminhões representa cerca de 4% do total de veículos no país, que alcançou aproximadamente 124 milhões de unidades em 2024. Apesar de representar uma pequena fração da frota total, os caminhões são responsáveis por uma parcela desproporcional das emissões de gases de efeito estufa devido ao uso intensivo e à dependência de combustíveis fósseis.
Além disso, a idade avançada de grande parte da frota contribui para o aumento das emissões. Dados do Sindipeças indicam que a proporção de veículos com mais de 10 anos de uso aumentou significativamente nos últimos anos, refletindo a necessidade urgente de renovação da frota.
E apenas 1% das grandes indústrias varejistas do país de fato atuam para a descarbonização do setor, enquanto 54% ainda desenvolvem estratégias e 45% estão no estágio inicial, segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos).
Iniciativas e políticas públicas
Para enfrentar esse desafio, o governo brasileiro lançou o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (MOVER), que substitui o antigo Rota 2030. O MOVER visa incentivar a indústria nacional a cumprir exigências sustentáveis, promovendo a produção de veículos mais eficientes e menos poluentes. O programa prevê incentivos fiscais para montadoras que investirem em descarbonização, além de estabelecer metas de eficiência energética e limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos.
Além disso, o Programa de Descarbonização da Frota de São Paulo estabelece metas ambiciosas, como a redução de 100% das emissões de GEE e de 90% do material particulado na frota até 2028, com base nos níveis de 2016.
Apesar das iniciativas, a transição para uma frota mais limpa enfrenta diversos obstáculos. A falta de infraestrutura adequada para veículos elétricos e a necessidade de investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento são alguns dos principais desafios. Além disso, a viabilidade econômica da substituição de veículos antigos por modelos mais modernos e sustentáveis ainda é uma barreira para muitos transportadores.
Outro ponto crítico é a dependência do diesel no transporte de cargas. Estudos indicam que, mesmo com os avanços tecnológicos, a maioria dos caminhões e ônibus nas ruas continuará consumindo diesel nos próximos anos, o que reforça a necessidade de políticas públicas eficazes para promover a transição energética.
Perspectivas futuras
Apesar dos desafios, há sinais positivos no horizonte. A expectativa é que, até 2030, mais de 50% dos veículos em geral no Brasil tenham motorização elétrica ou híbrida, segundo estudos da Anfavea. Além disso, investimentos significativos estão sendo realizados por montadoras e empresas do setor para desenvolver tecnologias mais limpas e eficientes.
A descarbonização da frota de caminhões no Brasil é uma tarefa complexa que requer a colaboração de diversos setores, incluindo governo, indústria e sociedade civil. Com políticas públicas eficazes, investimentos em infraestrutura e inovação tecnológica, é possível avançar rumo a um transporte de cargas mais sustentável e alinhado aos compromissos ambientais do país.