Via Extra
Durante vários anos, Marcelo Andrade, morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, caiu na estrada sob sol, chuva e cerração. Mas ele não seguia a rotina de um músico que sai em turnê por horas a fio numa poltrona de ônibus. Caminhoneiro, viajava para cumprir a entrega de colchões. Agora vai voltar a correr chão, mas desta vez como sempre quis: Marcelo decidiu pisar fundo na carreira de cantor sertanejo e se prepara para gravar o seu primeiro videoclipe.
— Foi uma caminhada longa até aqui — diz ele, criado na Posse: — Com 13 anos comecei a tocar violão em rodinhas com amigos. A paixão pela música surgiu ali — lembra.
No início, só curtia pop rock. As preferências eram Legião Urbana e Guns N’ Roses.
— Era o que a gente mais gostava de tocar — conta ele, que subiu ao palco pela primeira vez aos 16, num show em Nilópolis: — Cantava olhando para o chão. Era muita vergonha.
Os ensaios na garagem de casa tinham o ritmo do improviso: a bateria era de papelão com calotas de caminhão no lugar dos pratos.
— A gente não tinha dinheiro — justifica.
Quem cedia as calotas era um tio, que foi caminhoneiro por muito tempo.
— Através dele comecei a dirigir caminhão para ter um pouco mais de grana. Só que era bem puxado porque eu viajava de dia e à noite tocava num bar de Nova Iguaçu.
Um susto durante uma ida a Campos dos Goytacazes deixou Marcelo no meio de uma encruzilhada.
— Dormi no volante e quase sofri um acidente grave. Aí pensei: fico como cantor ou caminhoneiro? — lembra ele, que já estava quase desistindo da música: — Não tinha CD pronto e nenhum retorno como cantor. Foram tempos difíceis, mas decidi que ia seguir nas estradas só se fosse como músico.
O cenário do clipe que está preparando, e que começa a ser gravado no próximo fim de semana, não poderia ser outro: o cantor vai rodar por ruas de Nova Iguaçu num caminhão, mandando beijos para os fãs. Mas sua musa inspiradora será a única a desdenhar dele. No fim do clipe, Marcelo canta num show e vê sua musa no meio da plateia, vibrando de forma apaixonada por seu ídolo.
Sertanejo iguaçuano
A relação de Marcelo Andrade com a música sertaneja surgiu somente há seis anos, quando o cantor foi contratado como atração fixa em uma casa de shows de Nova Iguaçu.
— Sempre gostei de pop rock, mas cantava de tudo. O sertanejo veio depois e tento cantá-lo com a cara da nossa terra, mas sem perder a essência do campo — explica.
A primeira canção que vai virar clipe é “Dói dói”, a mais pedida em todos os palcos onde se apresenta. Na próxima semana, a faixa estreia nas ondas do rádio:
— Todos pedem essa música. Ela está no meu primeiro CD, que tem cinco composições minhas e sete de outros cantores, como Jorge e Matheus e Henrique e Juliano.
Atualmente, o cantor se apresenta às quartas-feiras na Pizzaria Abracadabra, às quintas no Restaurante Sheriff e às sextas e domingos no Frogs. Um sábado por mês ele faz show na Exclusive Lounge. Todas as casas ficam em Nova Iguaçu.
O próximo CD já tem dez faixas prontas:
— Acho que lanço até o fim do ano que vem.
Fonte: Extra | extra.globo.com
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