Em ano de mercado retraído no Brasil a Volvo faz manobra um tanto quanto ousada. A companhia lança no País a nova geração da linha F, que incluí os caminhões pesados e extra pesados FH, FM e FMX e chega com incremento no preço de expressivos 20%. Os modelos fabricados na planta de Curitiba (PR) agora estão alinhados à família vendida na Europa, apresentada pela primeira vez no Salão de Hannover, o IAA, de 2012. Com o lançamento, a fabricante mantém todo o seu portfólio atualizado, já que a nova geração da gama VM já foi lançada, em agosto do ano passado.
O aumento da tabela da nova família de caminhões é maior até do que o feito quando foi lançada a geração com motorização Euro 5, em 2011. Nessa época a companhia anunciou que os preços subiriam até 12% e a elevação aconteceu no momento em que todas as fabricantes de caminhões elevaram preços por causa da nova tecnologia. Este ano, que teve queda nas vendas totais de caminhões de 13,9% de janeiro a setembro, a Volvo é a única a lançar nova linha de produtos e fazer ainda aumento tão expressivo nos preços.
“O custo inicial é maior, mas o operacional é menor. Não somos conhecidos por oferecer o caminhão mais barato do mercado, mas por garantir o custo da tonelada por quilômetro menor”, defende Bernardo Fedalto, diretor comercial de caminhões da Volvo para o Brasil. O presidente da organização para a América Latina, Roger Alm, lembra que os modelos também ficaram mais caros quando a linha foi lançada na Europa e “ainda assim foram vendidas muitas unidades”. Segundo ele a companhia já negociou mais de 35 mil caminhões da nova família no mundo. A América Latina é o último mercado a receber a novidade.
NOVA GERAÇÃO
A nova linha de caminhões da marca chega às concessionárias depois de rodar três anos em testes no País. A companhia não divulga o investimento específico para a adaptação dos veículos ao mercado brasileiro, apenas aponta que o projeto teve aporte global de US$ 3 bilhões, rodou 18 mil quilômetros na etapa de desenvolvimento, passou por 25 testes destrutivos de impacto para garantir o melhor nível de segurança e demandou mais de 10 milhões de horas de engenharia.
Localmente o projeto recebeu parte dos pacotes de investimento que a montadora anunciou para o Brasil: de US$ 500 milhões de 2013 a 2015 e outro de US$ 320 milhões apenas para 2014. Além de adaptar os veículos para as necessidades locais, os valores foram aplicados na fábrica da companhia em Curitiba (PR) que, entre uma série de mudanças, conta com 34 novos robôs de solda.
Segundo a Volvo, o projeto dos novos veículos tomou como ponto de partida a melhoria da eficiência energética, a disponibilidade dos produtos, a meta zero acidentes e o foco no motorista, com a busca de mais conforto. O resultado é o que os executivos da companhia chamam de “melhor Volvo de todos os tempos”. Os caminhões têm o design frontal e a cabine totalmente renovados. O visual agora está adequado à nova identidade da marca, com lanternas de LED na dianteira e desenho mais aerodinâmico para reduzir o consumo de combustível. A companhia destaca ainda ter buscado melhor acesso para a manutenção e limpeza dos caminhões.
Internamente, a companhia aumentou em um metro cúbico o espaço da cabine do FH e acrescentou teto solar como item de série. Alterações foram feitas também na área envidraçada, que diminuíram em 20% os pontos cegos. A companhia substituiu o revestimento de borracha para encaixar o para-brisa e agora o componente é colado. Ao painel e o banco do motorista foram redesenhados para garantir mais conforto.
Segundo a fabricante, o trem-de-força também recebeu uma série de alterações para garantir eficiência. Medições da marca apontam que o consumo de combustível diminuiu 8% na nova linha. Os motores oferecidos para o FH mantêm potências de 420 a 540 cavalos. Para o FM, além do propulsor de 370 cv já disponível na geração anterior, há opção pela versão com 380 cv. O veículo tem novo eixo traseiro, que elevou a capacidade de carga para 65 toneladas de PBTC (Peso Bruto Total Combinado).
O modelo off road FMX também tem oferta mais ampla de motores. Agora as potências variam de 380 a 540 cv. A companhia melhorou também o freio motor para acompanhar as mudanças. Há opção por tração integral 4×4 ou 6×6. Passa a ser oferecida também a caixa de câmbio eletrônica I-Shift, adaptada para operações fora de estrada.
CONECTIVIDADE
A Volvo buscou oferecer modelos mais conectados. “Não queremos entregar só produtos, mas soluções completas”, explica Nilton Roeder, responsável pela estratégia de desenvolvimento de negócio. Segundo a marca, depois de passar pela etapa mecânica e eletrônica, o setor de transportes entra agora na era digital, o que exigirá uma série de novos recursos capazes de elevar a produtividade. A novidade mais interessante equipa o FH: a tecnologia I-See. O sistema lê a topografia da estrada e guarda as informações. Na próxima viagem pela mesma rodovia o dispositivo utiliza os dados e consegue antever o que está adiante e tornar mais eficiente a troca de marchas no câmbio I-Shift, economizando combustível.
A nova gama conta ainda com a oferta do My Truck, aplicativo para Smartphone que exibe no aparelho uma série de informações mostradas no painel de instrumentos do veículo. Dessa forma o transportador pode utilizar o recurso para acompanhar a distância, dados de consumo, níveis de óleo e Arla 32, por exemplo. O aplicativo envia ainda um alerta ao transportador ou motorista caso o alarme do caminhão soe.
A ideia é que, no futuro, o sistema interaja com ferramentas de diagnóstico a distância que a Volvo deve lançar. “Poderemos acompanhar o desgaste de um componente e entrar em contato com o cliente quando chegar a hora de trocar para que ele agende a manutenção. Estamos preparando a nossa rede para oferecer este serviço muito em breve”, explica Fedalto.
MERCADO
As encomendas dos modelos começam já em outubro, mas os primeiros caminhões só devem ser entregues no início de 2015. A Volvo não divulga expectativa de vendas dos modelos, mas admite que a intenção é continuar conquistando market share no mercado brasileiro, assim como aconteceu na Europa quando o veículo foi lançado. “Nenhuma outra montadora ganha participação no País de forma tão consistente há seis anos”, assegura Alm. Segundo ele, a companhia tem
conseguido driblar os altos e baixos do mercado e conquistar presença nas vendas.
A Volvo calcula ter elevado seu market share em significativos 9 pontos porcentuais de 2008 para 2014, considerando apenas caminhões pesados. No total de vendas do segmento a presença da marca também cresceu. Entre janeiro e setembro deste ano a companhia ocupou a terceira posição no ranking de vendas de caminhões, na frente da Ford, com 14,3% de participação e 14,3 mil veículos emplacados. No mesmo período de 2013 as vendas da marca respondiam por 13,3% do total negociado no mercado brasileiro.
“Temos uma imagem muito positiva no País, com alto índice de satisfação dos nossos clientes, e temos atraído os consumidores de outras marcas também”, comemora Alm. Para atender ao aumento do interesse pela marca, a companhia amplia a rede de concessionárias. Até o fim deste ano a rede deve passar de 93 para 100 casas no Brasil.
Fonte: Automotive Business
Postado por: 4Truck | www.4truck.com.br