O mercado de implementos rodoviários no Brasil registrou estabilidade no primeiro trimestre de 2025, com desempenho praticamente igual ao mesmo período de 2024. De janeiro a março deste ano, foram emplacadas 35.729 unidades, ligeiramente abaixo das 36.032 unidades registradas nos três primeiros meses do ano passado, o que representa uma retração discreta de 0,84%.
Apesar da estabilidade no volume total, os dados apontam para uma forte desaceleração no segmento de reboques e semirreboques — conhecido como segmento pesado. No acumulado do trimestre, foram 18.424 unidades emplacadas contra 22.129 no mesmo intervalo de 2024, o que representa uma queda expressiva de 16,74%. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir) e foram divulgados no começo de abril.
Entre os produtos mais impactados estão as linhas basculante e graneleiro/carga seca, ambas amplamente utilizadas no setor de transporte e logística. A linha basculante teve 3.087 unidades emplacadas neste início de ano, frente a 5.092 no mesmo período do ano anterior — retração de 39,38%. Já o modelo graneleiro/carga seca caiu 40,66%, com 3.356 unidades contra 5.656 em 2024.
Em contrapartida, o segmento de carrocerias sobre chassis — os chamados implementos leves — vem mostrando um comportamento positivo, puxando para cima a média do setor. Foram 17.305 unidades vendidas de janeiro a março, contra 13.903 no mesmo período do ano anterior, o que representa um crescimento robusto de 24,47%.
Entre os produtos tidos como carros-chefe produzidos pela 4TRUCK, os baús de carga seca tiveram um no acumulado do primeiro trimestre do ano 3.977 unidades comercializadas, frente às 3.241 do ano passado, um aumento de 22,71%. Já os baús lonados tiveram 116 unidades comercializadas, um aumento de 68,12% em relação ao ano anterior, quando 69 unidades foram vendidas. Para o mercado externo, foram exportados 895 implementos em geral, 20,3% a mais do que no acumulado dos três primeiros meses de 2024, com 744 unidades.
Especialistas apontam que a alta dos juros e o crédito mais restrito são fatores centrais para a desaceleração nesse segmento. Equipamentos de maior porte, mais caros e dependentes de financiamento, acabam sofrendo com o cenário macroeconômico menos favorável.
O que pensam Anfir e Fenabrave
A Anfir segue na mesma linha e aponta que a retração reflete diretamente o cenário de juros elevados e crédito restrito no país, fatores que têm dificultado o investimento por parte dos transportadores. “As duas linhas de maior volume comercializadas, basculante e graneleiro/carga seca, apresentaram quedas elevadas, o que nos preocupa por serem produtos de ampla aplicação no mercado logístico”, alerta o presidente da entidade, José Carlos Spricigo.
As estatísticas reforçam a preocupação da entidade. O segmento de basculantes recuou 39,4%, com 3.087 unidades licenciadas, enquanto os graneleiros/carga seca caíram 40,6%, com 3.356 implementos emplacados no trimestre.
O desempenho fraco levou também a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) a rever suas projeções para o setor em 2025. Inicialmente, a entidade previa crescimento de 5% no volume de implementos rodoviários emplacados no ano, totalizando cerca de 93 mil unidades. Agora, com os resultados do primeiro trimestre em mãos, a previsão foi ajustada para um cenário de estabilidade, com desempenho semelhante ao de 2024, quando foram comercializadas 88.661 unidades.
Segundo o presidente da Fenabrave, Arcelio Junior, parte do comportamento atual do mercado pode ser explicado pelo foco das empresas na renovação de frotas de caminhões, que agora passam a contar com motores mais eficientes. “As empresas estão trocando caminhões e adiando a compra de implementos. Os caminhões Euro 6 são muito mais econômicos e, por isso, há um movimento de renovação de frota pelas transportadoras”, explica.
Apesar da retração nos reboques e semirreboques, o setor de carrocerias sobre chassi segue em trajetória positiva e sustentou o desempenho total do mercado. Nos três primeiros meses de 2025, foram entregues 17.305 unidades, um crescimento de 24,5% em relação às 13.903 unidades registradas no mesmo período de 2024.
Esse avanço contribuiu para um resultado geral praticamente estável. A expectativa agora é que, com a retomada gradual da atividade agrícola e possíveis alívios nas taxas de financiamento ao longo do ano, o setor consiga manter uma trajetória de recuperação, especialmente nos segmentos mais afetados pela atual conjuntura econômica.
